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Não importa se você acha «feio misturar goécia com Quimbanda», porque Quimbanda é goécia, e os fatos independem do que você acha. Vou dizer onde reside o erro aqui: pensar em goécia apenas como a recessão salomônica, que ocorreu com o triunfo do cristianismo sobre as religiões pagãs. Como estou demonstrando em meu ensaio Quimbanda: a Goécia Tradicional Brasileira, publicado na Revista Nganga no. 10, a goécia salomônica em verdade é uma deturpação da goécia grega antiga, a religião ctônica-necromântica dos gregos antes do colapso da civilização micênica e a formação da pólis. Não é interessante que a palavra goécia seja muito mais antiga que os grimórios medievais e em especial ao Lemegeton, que origina a goécia salomônica medieval. Jake Stratton-Kent diz:
Que a goécia é o único fio contínuo que conecta a Antiguidade com o renascer magia, já é sabido. Tão idêntica às sobrevivências xamânicas, a bruxaria e feitiçaria, a tradição dos grimórios e seus antepassados – a goécia é uma tradição viva de magia. É essa tradição ocidental viva que o renascer da magia de 1875 e 1975 passou em grande parte 140 anos fugindo. [...] Assim, em essência, o renascer da magia em seus muitos departamentos permaneceu inconsciente do escopo – até mesmo da existência – de uma tradição secreta em seu meio; da qual todos os seus recursos efetivos foram, no entanto, herdados. A goécia é uma tradição de vasta antiguidade, mas adaptável a ambientes totalmente novos; capaz de intercâmbio intercultural eficaz com tradições vivas de outras culturas, mantendo sua identidade.
A goécia, portanto, é uma tradição viva que exige estilo de vida adequado. Como aponta Stratton-Kent acima, é por se tratar de uma tradição viva que ela dialoga e se miscigena com outras tradições vivas, como é o caso da Quimbanda no Brasil e outras tradições derivadas da diáspora nas Américas, como o Palo e o Vodu. É a goécia, na condição de fio contínuo, que permitiu a incursão diabólica dos demônios do Grimorium Verum na Quimbanda. É essa corrente viva da goécia, intrínseca na feitiçaria diabólica do Grimorium Verum, que vivifica a Quimbanda.
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