WANGA
O SEGREDO DO DIABO
Wanga: O Segredo do Diabo é mais do que uma simples coletânea de ensaios. É uma invocação às raízes profundas e sombrias da Quimbanda como goécia brasileira, uma tradição ctônica que funde as essências da feitiçaria africana, europeia e indígena em um sistema mágico vibrante, autêntico e visceral. Ao longo destas páginas, desvendei as nuances e complexidades da Quimbanda, mostrando-a não apenas como uma continuação viva da goécia e necromancia ancestrais, mas também como uma síntese mágica única, onde Exus e Pombagiras se tornam os verdadeiros guardiões e manipuladores das forças sublunares.
Este livro é, portanto, uma ode ao poder brutal e direto da Quimbanda, à sua essência amoral, e ao pacto que o kimbanda estabelece com seus espíritos tutelares para conquistar o que deseja. Encontrei no sincretismo entre São Cipriano e Exu uma ponte que une o passado arcano com a vivência contemporânea do Ocultismo, revelando que a Quimbanda não é apenas um sistema brasileiro, mas uma tradição universal que dialoga com a antiga sabedoria mágica do mundo.
Em Wanga me esforço em desvelar as camadas e mistérios da feitiçaria brasileira, para que a Quimbanda se mostre como aquilo que realmente é: uma religião de combate, de domínio e de liberdade absoluta para aqueles que ousam trilhar o caminho do Diabo. Este é um convite para se mergulhar profundamente na goécia brasileira e, sobretudo, para reconhecer a Quimbanda como uma feitiçaria sem amarras, onde o kimbanda é um agente do caos e da ordem, capaz de transformar sua própria realidade.
WANGA: O SEGREDO DO DIABO
WANGA: O SEGREDO DO DIABO
A influência cipriânica na Quimbanda é multifacetada. Além da ideia do pacto, que se reflete nas alianças espirituais dos adeptos com seus Exus, a prática de oferendas e conjurações, a arte da incorporação e a mediação com forças do além também compartilham uma linhagem de técnicas e saberes que remontam às práticas de magia popular na Península Ibérica. As feiticeiras exiladas para o Brasil durante o período colonial trouxeram consigo essa tradição, infundindo-a na cultura crioula, na magia indígena e africana. Assim, a Quimbanda brasileira passou a incorporar, em sua estrutura espiritual, elementos como o pacto diabólico, o sabbath das bruxas e a possessão, enriquecendo suas práticas com elementos da feitiçaria popular europeia. Este livro examina essa confluência cultural, onde o culto aos Exus se mistura a tradição cipriânica para criar uma feitiçaria única, ressonante e poderosa.