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A DOUTRINA SOTERIOLÓGICA DO PAREDROS

Foto do escritor: Fernando LiguoriFernando Liguori


Por Táta Nganga Kamuxinzela

@tatakamuxinzela | @covadecipriano | @quimbandanago

 

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Nota: este texto foi escrito originalmente em 2019 e deveria ter sido publicado no primeiro volume do Daemonium: Curso de Filosofia Oculta. Posteriormente ele foi publicado na Revista Nganga No. 4 e, em seguida, no segundo volume do Daemonium: a Quimbanda no Renascer da Magia em 2022. O texto conecta diretamente a fórmula mágica universal do espírito tutelar ao mito de São Cipriano, demonstrando as crenças soteriológicas e escatológicas dos magos da Antiguidade implícitas no mito e o desenvolvimento delas na tradição da magia no Ocidente.

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Convém que o iniciado passe por todas as fases, que são: desejo, perseverança e domínio. A primeira pertence ao noviço, ou seja, o desejo de aprender. A segunda, ao iniciado, que precisa de perseverança para chegar ao fim. A terceira, ao mestre, que é o verdadeiro mago, pois atingiu o domínio absoluto da Arte.[1]

 

O aspecto mais importante da tradição da magia tem sido explorado pelos magos desde os primórdios da humanidade e no Ocultismo moderno ele é conhecido pela expressão Conhecimento & Conversação com o Sagrado Anjo Guardião. No primeiro volume do Daemonium: Curso de Filosofia Oculta eu expliquei que a ideia ou conceito do Sagrado Anjo Guardião que conhecemos hoje é o desenvolvimento de uma doutrina que existe na tradição da magia desde o início, que é a apropriação espiritual de um espírito tutelar, o paredros dos Papiros Mágicos Gregos.

 

Com o desenvolvimento de camadas sobre camadas de mitos e cosmovisões acerca da doutrina do assistente mágico, o conhecimento que as tradições moderna e pós-moderna da magia oferecem acerca desta criatura espiritual está muito aquém da compreensão e visão dos magos do passado. Na verdade, não apenas este aspecto ou doutrina, mas o escopo total da Arte da magia ainda é mal compreendido e amaldiçoado devido a noções equivocadas e afirmações exageradas que vêm sendo tecidas ao longo do tempo sobre a prática da magia. A própria ideia de danação no inferno, um destino certo para magos e feiticeiros por lidarem a vida toda com a arte das trevas e o contato com demônios, vela o aspecto mais importante da doutrina do paredros: a salvação ou destino da alma após a morte.

 

Ao cavarmos os escombros da tradição da magia podemos perceber que desde a Antiguidade, conforme encontramos na magia greco-egípcia dos papiros, havia um processo natural e gradual pelo qual alguém se tornava um mago. E ao olharmos o xamanismo com cuidado, notaremos que este caminho de iniciação que leva um homem comum a tornar-se um mago ou um xamã trata-se de um fenômeno espiritual que se repete na história das culturas de todos os tempos. Este caminho gradual de iniciação magística, no entanto, é uma longa jornada de busca que dura anos ou, mais precisamente, toda a vida. Mas essa jornada é buscada e vivenciada em etapas que podem ser universalmente estabelecidas mais ou menos assim:

 

1ª etapa de iniciação magística: Uma longa jornada de aprendizado e treinamento espiritual em várias tecnologias mágicas oferecidas por tradições diversas da magia. O estudante empreende uma busca por ordens mágicas distintas, tradições de magia e cultos de mistérios, até que esteja pronto para encontrar um mestre que o adestre e o treine na Arte Notória.

2ª etapa de iniciação magística: Após encontrar um mestre e aprender com ele durante um tempo, se ganha à revelação de um segredo da magia: uma conjuração ou técnica poderosa capaz de fazer o estudante entrar em contato com seu espírito tutelar.

3ª etapa de iniciação magística: O Conhecimento & Conversação com o espírito tutelar através de uma conjuração mágica, completada por um acordo com ele na forma de um pacto, voto, aliança ou juramento. Essa conjuração geralmente inclui sacrifícios e oferendas.

4ª etapa de iniciação magística: Através do conhecimento e conversação com espírito tutelar, obter dele sabedoria mágica genuína e fidedigna; bem como compartilhar dos seus poderes para auxiliar espiritualmente e magicamente pessoas que necessitem de seus serviços.

 

Note que esses passos universais refletem a busca de um kimbanda. Primeiro ele se empenha em absorver o máximo de conhecimento possível se aproximando de cultos como a Umbanda ou o Candomblé, até que seja aceito como discípulo de um táta-nganga; em seguida o mestre o auxilia a entrar em contato com o seu Exu tutelar; de posse do conhecimento fornecido pelo mestre, o kimbanda estabelece o pacto com seu Exu tutelar; com o tempo e desenvolvimento espiritual o kimbanda, auxiliado por seu Exu tutelar, ingressa no caminho sacerdotal até que ele seja aprontado, quando se torna um táta-nganga.

 

A imagem tradicional do mago ou xamã é aquela de um homem que, após um treinamento e preparo, contatou um espírito tutelar e depois disso começou a oferecer seus serviços espirituais e mágicos. Ele tornou-se um mago profissional, se podemos usar essa designação. Mas essa imagem do mago profissional tem sido veementemente combatida desde a Antiguidade, piorando após o advento do cristianismo. As escolas modernas de iniciação, influenciadas pelas ideias renascentistas, iluministas e cientificistas, têm construído uma imagem idealizada da magia e do papel do mago que não está nem um pouco em sincronia com a realidade ou a tradição da magia. A qualificação profissional do mago são as três primeiras etapas de iniciação magística, como delineamos acima e a coroação de seu trabalho, a quarta etapa.

 

A suprema realização da magia é a conjuração do espírito tutelar. Nos Papiros Mágicos Gregos o espírito tutelar (paredros) é apresentado como o supremo segredo mágico, pois ele permite ao mago realizar proezas com a magia. Não só os papiros, mas muitos autores cristãos apresentavam o assistente mágico como a verdadeira fonte por trás dos poderes do mago. Na recessão cristã, o espírito tutelar tornou-se o diabo pessoal que acompanhava os magos, como nas lendas de São Cipriano, que aprendeu magia diretamente com o Diabo, e Fausto, que era orientado por um diabo pessoal, Mefistófeles. Simão, o famoso mago de O Ato dos Apóstolos, comparado a Salomão e realizador de proezas (taumaturgia), também foi apresentado sendo acompanhado por um espírito tutelar, a fonte de seus poderes. Essa ideia do assistente mágico foi transportada ao neoplatonismo teúrgico de Jâmblico (245-325 d.C.) na doutrina do daimon pessoal. Os cosmocratores do reino da geração, na condição de senhores de todos os daimones que se encontram no reino da geração, podem revelar ao teurgo seu daimon pessoal. Posteriormente, na magia sagrada de Abramelin, o daimon pessoal da teurgia neoplatônica, o antigo paredros dos papiros gregos, aparece como o Sagrado Anjo Guardião, que deve ser convocado pelo mago e revelado por Deus caso ele tenha merecimento, ganhando assim, com a autoridade espiritual do Sagrado Anjo Guardião, o domínio e a regência sobre os demônios (espíritos diversos) do reino da geração.

 

Na teurgia de Jâmblico, após o contato com o seu daimon pessoal, o teurgo aprenderia com ele a forma correta de prestar-lhe reverência cerimonial, a maneira particular de invocá-lo. Nos Papiros Mágicos Gregos, o paredros é descrito como uma poderosa criatura espiritual capaz de dotar o mago com muitos poderes e de lhe ensinar um tipo peculiar e pessoal de sabedoria oculta, revelando também a natureza soteriológica do espírito tutelar, como vemos nos papiros: Quando você estiver morto, ele irá envolver o seu corpo como é adequado a um deus, e ele levará seu espírito pelo ar com ele. Pois, nenhum espírito aéreo que está unido a um poderoso assistente irá para o Hades, pois para ele todas as coisas são submetidas.[2] É interessante notar essa passagem dos papiros gregos com a promessa feita pelo Diabo a São Cipriano: Ele prometeu me fazer um príncipe, depois de minha morte, e que eu teria poder e seu favor enquanto vivo.[3] Para compreender essas passagens e relacioná-las, leve em consideração as crenças escatológicas das culturas do Mediterrâneo pré-cristão: ser condenado a uma vida no Hades (o Submundo) após a morte era um destino que ninguém gostaria de ter. Na mitologia grega e suas recessões escatológicas anteriores, inúmeros deuses intervinham livrando as almas do Hades e transformando-as em criaturas daemônicas após a morte. Note que nos papiros gregos o paredros é apresentado como uma deidade ou criatura espiritual deificada: ele é um deus [...] um espírito aéreo que você viu.[4] Na tradição do xamanismo, muitos xamãs eram enterrados de maneira distinta, separados em locais ou zonas de poder especiais para que suas almas após a morte pudessem integrar os espíritos ancestrais. E é interessante notar que Fausto, no curso de realização de um pacto com seu diabo pessoal, Mefistófeles, não tinha outro desejo além de tornar-se um diabo após a morte. Soldo: fazia parte da tradição da magia na Antiguidade o mago querer tornar-se um espírito ancestral deificado; essa era a expectativa do mago dos Papiros Mágicos Gregos e isso permanece presente até hoje em tradições da magia como a Quimbanda, cuja expectativa de um sacerdote é tornar-se um Exu após a morte, permanecendo na família de espíritos que assistem sua Casa. Abundam inúmeros feitiços da tradição popular da magia a convocação de espíritos de mortos que se acredita terem sido magos e bruxas associados ao Diabo, como é o caso de Maria Padilha como retratada nos feitiços de O Livro de São Cipriano, que sempre se apresenta no comando de uma grande legião (ou falange) de espíritos, sua quadrilha mágica.[5]

 

A danação no inferno, uma acusação genuinamente cristã, mas baseada em fontes mais antigas, nada mais é do que a saída que a Igreja encontrou para facilitar o acesso ao céu através de Jesus Cristo, associando os magos ao contato com demônios e uma vida cativa no inferno após a morte. Devemos levar em consideração que essa doutrina de deificação mágica da alma após a morte era deveras perigosa a Igreja. No entanto, trata-se do verdadeiro arcano de mistério velado pela acusação de danação no inferno; na verdade esse sempre foi o anseio mágico e iniciático dos magos do passado, tornarem-se almas deificadas que pudessem assistir os humanos em suas muitas demandas. Essa ideia é a gênese da doutrina da iluminação ou a realização da grande obra nas escolas modernas e pós-modernas da tradição da magia.

 

O desejo de Fausto em tornar-se um diabo após a morte; o desejo de São Cipriano em tornar-se um príncipe com poder e autoridade após a morte; o desejo de um sacerdote de Quimbanda[6] em tornar-se um Exu após a morte; o desejo do mago dos papiros em tornar-se uma alma deificada após a morte; o desejo do teurgo que seu daimon pessoal leve sua alma até os deuses após a sua morte etc. são versões distintas da doutrina soteriológica da deificação da alma associada ao espírito tutelar, uma criatura espiritual capaz de livrar o homem do cativeiro do Submundo (ou Inferno) e torná-lo uma alma deificada ou espírito ancestral, podendo ser convocado e auxiliar outros magos enquanto vivos.

 

Para os cristãos, quem poderia ensinar esse tipo de proeza mágica aos magos? O próprio Diabo! Assim, o espírito tutelar dos papiros, o daimon pessoal da teurgia de Jâmblico, o Sagrado Anjo Guardião de Abramelin, o sátiro de Aleister Crowley (1875-1947) ou o deus oculto[7] de Kenneth Grant (1921-2011) são, em verdade, o Diabo que ensinou magia a São Cipriano, o Mefistófeles de Fausto, seu diabo pessoal, ou o espírito por trás dos poderes de Simão o Mago. Não importa o nome dado ao espírito tutelar em qualquer de suas recessões; o fato que permanece é este: a expectativa do mago desde a Antiguidade era dedicar-se durante anos estudando a Arte da magia até que pudesse, através do amadurecimento do seu conhecimento, obter a ajuda de um espírito tutelar ou patrono mágico que lhe desse poder e autoridade espirituais. A lenda de São Cipriano é ótima aos estudantes porque ela espelha essa busca. Em uma das versões populares de O Tesouro do Feiticeiro de São Cipriano, encontramos a história de um camponês chamado Victor Siderol, que teria encontrado uma cópia de O Livro de São Cipriano e através dele fez um pacto com o Rei do Inferno através do sacrifício de uma galinha preta em um círculo no meio de uma encruzilhada. O próprio Diabo tornou-se o patrono mágico de Victor Siderol, ensinando-lhe muitos segredos, revelando-lhe um tesouro enterrado e a felicidade através de um relacionamento amoroso sadio. Embora sua busca se limitasse a posse de um tesouro, qualquer um diria que ele estava sendo guiado pelo seu espírito tutelar. E estava mesmo, mas velado na imagem de um diabo pessoal. E como o livro faz parte de uma apologia cristã, assim como São Cipriano, Victor Siderol livrou-se da danação no inferno ao reconciliar-se com a Igreja.

 

Uma versão espanhola de O Livro de São Cipriano traz a história de um monge alemão chamado Jonas Sufurino. Diferente de Victor Siderol que buscava apenas encontrar tesouros e a felicidade através deles, Jonas Sufurino buscava encontrar a sabedoria oculta da tradição mágica e ele conquistou a meta fundamental da magia: desenvolver-se ao ponto de receber a sabedoria oculta através de uma transmissão de fonte não humana. O autor moderno que mais chegou perto dessa ideia foi Kenneth Grant, um eminente discípulo de Aleister Crowley que a partir dele desenvolveu um sistema thelêmico de iniciação chamado de tradição tifoniana. Para resgatar ideias de culturas mágicas do período arcaico e primitivo da magia, que Grant enquadra dentro do que ele chama de cultos das sombras, a tradição tifoniana estaria conectada a uma tradição egípcia estelar de um período pré-dinástico. E é interessante comparar uma das últimas alegações de Crowley sobre criaturas espirituais com o relato de Jonas Sufurino em O Livro de São Cipriano:

 

Minhas observações sobre o Universo convencem-me que existem Seres de inteligência e poder de uma qualidade muito superior do que qualquer coisa que nós possamos conceber como humano; eles não são necessariamente baseados nas estruturas nervosas e cerebrais que nós conhecemos; a única chance para a humanidade avançar como um todo é fazer com que individualmente cada humano entre em contato com estes Seres.[8]

Havia ali inúmeros volumes que tratavam das Artes Mágicas. A simples leitura de alguns deles me convenceu de que ali estava o que eu procurava. Eu refletia: não há dúvida de que existem os espíritos bons e maus, e que eles se relacionam com os homens; não há dúvida de que os ditos espíritos estão dotados de uma inteligência superior, posto que a própria religião lhes dá o poder de nos tentar, de nos induzir ao bem ou ao mal; logo, se pelo poder da magia pode pôr-se o homem em diálogo com os espíritos, esse homem logrará alcançar a suprema sabedoria.[9]

 

Como na história do camponês Virtor Siderol, o monge Jonas Sufurino também fez um pacto com o Rei do Inferno:

 

Se é verdade que você existe, eu gritei com voz alta, ó poderoso Gênio do Inferno, apresenta-se à minha vista! E neste exato momento, durante um relâmpago formidável, apareceu o espírito infernal que eu invocara. O que você quer de mim? Eu quero, respondi, desenvolver uma relação com você. Ele respondeu: Concedido! Volte para sua cela. Lá você me terá sempre que quiser; eu revelarei a você todos os segredos, deste e dos outros mundos. Eu te darei um livro que será para ti como um catecismo da sabedoria oculta, um catecismo que só os iniciados podem entender.[10]

 

O livro citado nesta passagem é O Tesouro do Feiticeiro, um grimório oferecido a Lúcifer por São Cipriano, que declara: Este livro me mostrou a verdadeira sabedoria, alcançando com seu estudo o domínio completo sobre toda criação. Essa passagem demonstra claramente como o espírito tutelar, aqui como um diabo pessoal, é a fonte de revelação não humana que transmite a sabedoria oculta da magia ao mago, construindo com essa sabedoria transmitida um grimório particular de magia. Seja como for, esse Rei do Inferno ou diabo pessoal é a versão cristã do paredros, o espírito tutelar que, como podemos ver, é o verdadeiro Arcano da magia. A recessão cristã adiciona uma camada de mitologia sobre essa doutrina e passa a dizer que o Anjo da Guarda se trata de um anjo de luz que nos acompanha desde o nascimento, enviado por Deus e que está disponível a todo cristão a partir da cerimônia do batismo. Uma versão inspirada na filosofia neoplatônica, fundamentada nas alegações de Santo Agostinho (354-430 d.C.), responsável direto pela demonização dos diversos daimones e deuses de outras culturas, principalmente o paredros. É a partir de Santo Agostinho que o paredros passou de espírito tutelar benfazejo, o aghato-daimon, a um espírito maligno e perigoso, o Diabo com o qual o mago mantém tráfego e estabelece pacto.

 

A danação no inferno pelo tráfego com o Diabo é apenas um véu que vela este arcano da tradição mágica: o conhecimento e conversação com o espírito tutelar diabo pessoal que livra a alma do cativeiro no Hades, transformando-a em uma entidade daemônica, um espírito ancestral que assiste uma família de espíritos. A meta fundamental do mago greco-egípcio é, portanto, o conhecimento & conversação com o espírito tutelar, a fonte real do poder que o mago diz possuir. Como instrui os papiros, essa sabedoria oculta da magia transmitida pelo paredros deve permanecer em segredo e por isso a relação entre o mago e seu espírito tutelar é íntima, secreta e transmitida apenas a filhos mágicos genuínos.

 


NOTAS:

[1] São Cipriano. O Livro de São Cipriano: Tratado Completo da Verdadeira Magia, Pallas, 2017.

[2] Hans Dieter Betz. The Greek Magical Papyri in Translation. The University of Chicago Press, 1996.

[3] Humberto Maggi. O Bom Amigo de Fausto em Scientia Diabolicam. Clube de Autores, 2018.

[4] Hans Dieter Betz. The Greek Magical Papyri in Translation. The University of Chicago Press, 1996.

[5] Humberto Maggi. A Gnose do Diabo em Scientia Diabolicam. Clube de Autores, 2018.

[6] A Quimbanda é uma tradição da magia que resgata a doutrina do espírito assistente e dos pactos mágicos como praticados pelos magos da Antiguidade pré-cristã.

[7] Neste caso, o deus Set.

[8] Aleister Crowley, Magick Whitout Tears.

[9] São Cipriano, El Libro de Sn Cipriano, versão espanhola de Jonas Sufurino.

[10] São Cipriano, El Libro de Sn Cipriano, versão espanhola de Jonas Sufurino.


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