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MAGIA: POR ONDE COMEÇAR?

Foto do escritor: Fernando LiguoriFernando Liguori


Quando o CFO foi formulado da primeira vez, sua missão era: construir as bases necessárias para transmissão de uma sabedoria perene conhecida como mageia. Essa sabedoria acompanha o homem desde seus primórdios e antecede a ele, por isso ela foi chamada de sabedoria eterna, transmitida por uma tradição espiritual iniciática, uma herança dos sábios do passado e composta por uma assembleia de mestres que distribuíram seus conhecimentos as quatro grandes raças deste planeta.


Para fazer este trabalho de formação e construção de uma estrutura adequada, eu decidi basear todo o curso nos ensinamentos de uma organização espiritual moderna conhecida como Ordem Hermética da Aurora Dourada, completamente fundamentada e construída sobre os ensinamentos de Éliphas Lévi que, por sua vez, foi profundamente influenciado pelos escritos de magia operativa da Renascença, fundamentalmente baseados na Qabalah e Astrologia. A formação da Ordem Hermética da Aurora Dourada foi uma resposta ao crescente influxo do ocultismo oriental que se espalhava pela Europa: era necessário criar um sistema ocidental europeu para conter essa insidiosa invasão hindu e budista. A Aurora Dourada celebrava mitos rosacrucianos e tentou sistematizar uma espécie de renascimento das ideias egípcias e pagãs da Antiguidade dentro da estrutura da Árvore da Vida.


Desde o início da Era Moderna no Séc. XV, a interpretação da magia mudou completamente, seguindo um longo caminho de inúmeras definições providas por magos famosos, algumas similares, outras antagônicas e ainda outras complementares. Essa nova interpretação da magia, no entanto, ao longo do tempo veio a distanciando de suas bases originais na antiguidade e antes. Com o acelerado crescimento científico e desenvolvimento de novos campos de estudo como a psicologia, a magia acabou por ser completamente redefinida. Sistemas de magia e ordens iniciáticas modernas e pós-modernas têm hoje uma visão completamente antagônica da magia como compreendida e praticada na Antiguidade.


Diante deste quadro fui obrigado a reformular completamente o CFO. Essa reformulação é, portanto, uma resposta a essa redefinição da magia pelas escolas modernas e pós-modernas. A eficácia de um método é a medida exata da verdade, pois se é verdade, tem de funcionar. A interpretação moderna carece de resultados tangíveis. Ao perder seus laços com o passado, a magia tornou-se àquilo que Papus chama de psicurgia, quer dizer, magia mental. Não vamos negar a eficácia da psicurgia e o seu mais importante resultado, a saber, seu efeito terapêutico em equilibrar as funções da mente e unidirecionar os seus poderes. No entanto, para que a psicurgia tenha efeitos tangíveis na matéria, vamos dizer taumatúrgicos, o magista deve ter alto grau de paranormalidade desperta. Por conta disso, praticantes mais exigentes têm retornado a cultura arcaica da magia. A intenção deles tem sido apenas essa: executar uma prática mágica que proporcione resultados tangíveis e reais. A magia moderna da Aurora Dourada se aproxima muito mais da teurgia clássica ensinada por Jâmblico do que oferece instrução sobre a arte dos magoi.


Por conta disso, esses magistas mais exigentes têm procurado passar por um tipo de reprogramação mental. Para se praticar a magia como na Antiguidade (Módulo 1 e 2) e Idade Média (Módulo 3) é necessário assumir um ponto de vista novo sobre a realidade, de outra forma, a magia continuará sem resultados tangíveis. Os grimórios medievais, por exemplo, não se valiam da Qabalah como ensinada e praticada em ordens modernas como a Aurora Dourada ou a Astrum Argentum. Ao contrário, estes grimórios representavam uma síntese de um conhecimento hermético anterior presente nos Papiros Mágicos Greco-Egípcios. A magia dos grimórios, herdeira da magia hermética da Antiguidade, possuía um componente fundamental: a convocação de espíritos. Para que essas convocações funcionassem efetivamente, era necessário que os magistas que as executavam tivessem uma visão especial da realidade. Eu acredito que você ao procurar o CFO esteja disposto a aprender e a colocar em ação uma arte que funcione, que responda as suas necessidades pessoais. Na Idade Média, por exemplo, os magistas que colocavam a magia dos grimórios em operação o faziam para resolver os problemas da vida: amor, dinheiro, sucesso, fama, saúde etc. É sobre esse tipo de prática que você encontra nos grimórios medievais. Ao vasculha-los, dificilmente você encontrará referências a uma prática de magia operativa para resolver problemas de transcendência espiritual. Na Idade Média, quem queria se espiritualizar frequentava a Igreja e comungava do Sacramento de Cristo aos domingos. Os magistas medievais não estavam interessados em se espiritualizar, mas em conquistar através da magia os desejos que não conseguiam conquistar pelos seus próprios esforços, portanto, eles pediam ajuda aos espíritos convocados através da magia operativa dos grimórios. Isso está em perfeita sincronia com o termo mageia como compreendido na Antiguidade e, ao mesmo tempo, muito distante da interpretação moderna da magia.


Vamos dizer que, para realizar a magia como delineada nos grimórios medievais e interpretada na Antiguidade, é necessário um estado ideal de consciência. Um estado que lhe permita se comunicar efetivamente com os espíritos convocados nas operações de magia. Esse estado de consciência é a visão de mundo que os magistas da Antiguidade e Idade Média tinham, uma visão animista da realidade. Os magistas destes períodos enxergavam o mundo como animado, quer dizer, vivo, receptivo e o mais importante, responsivo. Para o magista do passado tudo no mundo tem vida, quer dizer, é animado por um espírito e, portanto, os acontecimentos do mundo ao redor dele não eram aleatórios ou isolados, mas um trato especial entre o cosmos e sua Alma. Nessa perspectiva de mundo, uma folha que cai de uma árvore ou o pássaro que passa voando a sua frente ou a gota de água que cai sobre sua cabeça tem um motivo especial, imediatamente reconhecido e inspecionado. Podemos dizer então que o magista moderno deve mudar a frequência cerebral para executar magia de verdade, uma frequência que o possibilite um estado de mente adequado para colocar a magia em operação.


Essa mudança de frequência, no entanto, deve ser um exercício diário. Não é fácil ao magista moderno, cuja mente é formatada de forma idealista e cientificista, assumir um ponto de vista animista em relação ao universo. Por isso, se você deseja começar a praticar magia, comece desde já a convocar e conjurar os espíritos ao seu redor: o espírito do seu quarto para que ele lhe permita dormir ali e lhe proteja durante o sono; o espírito de sua carteira e do dinheiro para que eles lhes ajudem a juntar e a valorizar melhor o dinheiro; o espírito do livro de Agrippa para ele lhe ajudar a compreender melhor os ensinamentos ali contidos; o espírito do diário mágico para ele guardar secretamente suas palavras e pensamentos (que também são espíritos); o espírito da limpeza para ele lhe auxiliar no banho de ervas ou fumigações; o espírito do celular, do computador, do secador etc. Em todos os lugares é possível praticar a visão animista de mundo. Se sua casa tem mofo, ali reside um espírito e ele está, no mínimo, te sacaneando. Se você está com dor de cabeça ou doente, ali vive um espírito te infernizando, por isso ele foi considerado pelos magoi da Antiguidade como um kakodaimone que, já na cristandade, tornou-se um demônio.


A típica imagem do magoi da Antiguidade é aquela mesma do xamã, um homem louco que fala com espíritos... Se você deseja de verdade começar a praticar magia e ter resultados tangíveis com ela, comece por este exercício acima.


Uma dúvida frequente sobre por onde começar a estudar a magia, eu sempre respondo: comece por Agrippa, pois ele ainda é o autor que permanece insuperável na arte de transmitir a magia. A magia cerimonial como a conhecemos hoje foi sistematizada por Agrippa. Todos os autores após Agrippa beberam dele e em sua obra você poderá encontrar as chaves ocultas que desvendam inúmeros segredos e mistérios contidos nos grimórios medievais. A obra de Agrippa permanece como uma grande catedral mágica quando comparada a qualquer sistema de magia ou ensinamentos de ordens modernas. Trata-se de uma obra para verdadeiros buscadores, pois uma breve lida sobre ela, apenas um passar escorregadio de olhos, não libertará o espírito deste conhecimento. Para tal, é necessário aprofundamento na obra de Agrippa e isso leva anos a fio. Ocultistas sérios são aqueles que já leram a obra de Agrippa pelo menos mais de dez vezes. Se você conversar com magistas modernos, quer dizer, aqueles que operam apenas com a sistematização moderna da magia, sobre a obra de Agrippa, notará que é muito raro encontrar alguém que entende realmente do conteúdo de Agrippa. No entanto, falando a verdade, é muito difícil praticar seriamente a magia cerimonial, principalmente àquela exposta nos grimórios medievais, sem aprofundar-se em Agrippa. No início da jornada, a obra de Agrippa deve ser como um livro de cabeceira. Se você deseja de verdade tornar-se um magoi, um praticante de magia operativa, é fundamental iniciar a jornada na escola espiritual de transmissão mágica de Agrippa. Essa escola está no astral, assim podemos dizer e seu ingresso nela só depende de você acessá-la através de seu portal mágico, a saber, os livros de Agrippa.


O livro Três Livros de Filosofia Oculta de Agrippa é uma obra difícil, densa e profunda. Seu estilo medieval de escrita dificulta o acesso de muitos tópicos abordados pelo autor, além de faltar certa lógica a nós do Séc. XXI. Particularmente, eu sempre procurei estudá-lo magicamente, utilizando um veículo que pudesse me conectar com o espírito do livro. Com o tempo, debruçando-se sobre o livro, é possível compreendê-lo em profundidade. No entanto, este livro não oferece ferramentas práticas. Ele é ótimo na formação e fundamentação das bases do magista, mas não há lições práticas.


O livro O Quarto Livro de Filosofia Oculta, também atribuído a autoria de Agrippa, já oferece uma sistematização na prática da magia cerimonial, uma abordagem direta, clara, sucinta e abreviada das qualidades, condições e propriedades dos materiais requeridos para arte e a ciência necessária para colocá-la em ação com funcionabilidade.



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