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TUTORIAL DE QUIMBANDA #2

Foto do escritor: Fernando LiguoriFernando Liguori

Atualizado: 4 de jan.


Roteiro do vídeo no YouTube.

 

 

Por Táta Nganga Kamuxinzela

@tatakamuxinzela | @covadecipriano | @quimbandanago

 

Este é um tutorial com perguntas frequentes acerca da Quimbanda. Este é o Vídeo #2 da Série Tutorial de Quimbanda.

 

RECADOS:

 

1. Revista Nganga No. 12:

O tema central da Edição 12 é a hierogamia: A hierogamia na Quimbanda desempenha um papel teológico central ao simbolizar a união mística entre forças opostas e complementares, representadas pelas divindades Beelzebuth e Ashtaroth. Este conceito fundamenta a cosmogonia do culto, integrando aspectos solares e lunares, masculino e feminino, em um processo contínuo de criação, destruição e regeneração. Inspirada por tradições esotéricas como o hermetismo e a alquimia, a Quimbanda incorpora essa dinâmica em sua prática ritualística, com Exu e Pombagira personificando essas polaridades. A hierogamia transcende o simbolismo, tornando-se uma prática mágica que canaliza forças cósmicas para operar transformações tanto no plano espiritual quanto material, consolidando a Quimbanda como um sistema mágico que une tradição ancestral e modernidade, uma das características da nova síntese da magia.

 

  • Nova síntese da magia: injetar vitalidade a partir de fontes ancestrais tradicionais na espiritualidade seca e sem seiva da modernidade transhumanista.

  • Magia sexual na Quimbanda.

  • Cosmogonia fáustica herdada do Grimorium Verum.

  • Influência fáustica: A tradição fáustica da magia refere-se ao conjunto de práticas, narrativas e sistemas mágicos que têm como base o mito do Doutor Fausto, personagem lendário associado a pactos com entidades demoníacas em troca de conhecimento e poder. Essa tradição emergiu no contexto europeu entre os Sécs. XVI e XVII, ganhando popularidade por meio da literatura e do teatro, como na obra Fausto de Goethe. A figura de Fausto simboliza o mago renascentista que busca transcender os limites do conhecimento humano e desafiar a ordem divina por meio de invocações e pactos com espíritos. Nesse contexto, a magia fáustica é frequentemente caracterizada pelo uso de pactos escritos, círculos mágicos e a evocação de espíritos para obter favores ou revelações em troca de sacrifícios e oferendas, mas fundamentalmente, o sacrifício da própria alma.

  • O Grimorium Verum é fáustico: Os grimórios fáusticos são textos ocultistas atribuídos ao Doutor Fausto ou inspirados por ele, contendo instruções detalhadas para a prática de magia cerimonial, invocações, pactos e a obtenção de poder sobrenatural. Esses livros combinam elementos da demonologia cristã, cabalá prática e tradições mágicas medievais. Exemplos notáveis incluem o Clavicula Salomonis ou A Chave de Salomão, e o Grimorium Verum, que influenciaram diretamente a literatura fáustica. Os grimórios fáusticos frequentemente apresentam diagramas de círculos mágicos, selos de espíritos, e rituais de purificação e proteção, sendo considerados manuais práticos para invocação e controle de entidades espirituais. Esses textos refletem o anseio humano pelo poder oculto e a crença na possibilidade de acessar dimensões espirituais por meio de rituais codificados.

 



 

  • Site dedicado a divulgação de meus escritos sobre a filosofia de Thelema, com foco na magia sexual thelêmica e nos ensinamentos de Crowley acerca dos mistérios masculinos do PHALLUS.

  • A magia sexual thelêmica é fálica; isso significa que sua abordagem é sobre os poderes da sexualidade masculina, o despertar da força mágica do Falo, que distinto do pênis, representa a Vontade Criadora do Um Deus Verdadeiro.

  • Área de assinantes.

 

3. Curta, comente e compartilhe.

 

RESENHA: Tutorial de Quimbanda #2

 

1. Quimbanda não é tudo igual.

 

Quimbanda não é tudo igual. Mesmo as casas, templos, terreiros ou famílias de uma mesma vertente, serão diferentes. Por exemplo, a Quimbanda da Cova de Tiriri chefiada pelo Táta Nganga Zelawapanzu, é distinta da Quimbanda da Cova de Cipriano Feiticeiro, mesmo a Cova de Tiriri sendo derivada ou nascida da Cova de Cipriano Feiticeiro, mesmo que ambas sejam Quimbanda Nàgô. Isso acontece porque cada família é um reinado independente, no sentido em que as linhas de trabalho dos Exus-Tátas são diferentes, e a experiência pessoal dos táta-ngangas que chefiam o trabalho também são distintas. Cada família de Quimbanda, portanto, será caracterizada i. pela linha de trabalho do Exu-Táta; ii. o histórico religioso do táta-nganga. Essa característica a Quimbanda herda das Macumas. No livro Ganga: a Quimbanda no Renascer da Magia, menciono que os antropólogos costumam encontrar dificuldades diversas ao tentar classificar as inúmeras casas de Macumba carioca, capixaba, mineira e paulista, pelo fato de serem reinados independentes, chefiados por espíritos que, assim como os homens sobre a terra, têm experiências distintas e, o mais importante, têm energeia (atividade) distintas,[1] o que caracteriza a distinção das inúmeras linhas de trabalho dos Gangas.

 

Compreendido isso, você encontrará uma gama distinta de famílias de Quimbanda, com as mais diferentes pretensões ou inclinações. A família Cova de Cipriano Feiticeiro se orienta por um caminho essencialmente iniciático, e cujo objetivo é o progresso através de desenvolvimento pessoal, que nós chamamos de a consecução do gênio, o despertar da alma. Por conta disso, temos algumas exigências com relação aos nossos iniciados e candidatos:

 

  • Possuir mais de 30 anos: A Quimbanda é para homens, no sentido de indivíduos adultos, que têm condições de assumir com honra o juramento da Quimbanda.

  • Conhece a ti mesmo: O segredo de todo sistema verdadeiramente iniciático se resume a este concento. O indivíduo deve escolher o Império da Vontade ao invés sarjeta dos desejos, impulsos e compulsões. Este é o indivíduo preparado para viver imerso ao Sagrado, uma vida de Quimbanda.

  • Honra, lealdade, disciplina e continuidade de propósito. Cultivar o Silêncio para dominar o poder da palavra.

 

2. Vida de Quimbanda.

 

Desde o momento de sua iniciação, o kimbanda começa a cultivar uma visão daemônica de Cosmos, compreendendo todos os processos da vida, acontecimentos e interações, como uma ação direta dos espíritos, a miríade de Exus-Diabos da Quimbanda. Em outras palavras, o kimbanda interpreta todos os eventos da vida como um trato particular entre sua alma e o Cosmos. Isso significa que absolutamente tudo é mágico.

 

Se tudo é mágico, obviamente depende de uma interpretação correta e, a partir dela uma ação equivalente correta, i.e. uma ação mágica. Isso significa que, para tal, o kimbanda tem de ser um indivíduo de Vontade, de ímpeto mágico. A partir de sua iniciação na Quimbanda, ele torna a sua vida, todos os eventos seculares, num campo de experimentação magística. Se ele é um vendedor, todas as suas interações com os clientes têm de ser mágicas. Ele nunca entra em uma negociação para ver no que vai dar, como se diz, tomara que eu faça a venda. Não, o kimbanda faz a venda. O seu cliente é atacado vorazmente por todos os lados: palavras encantadas, óleos e pós mágicos, perfumes atraentes e magnéticos etc.

 

É sobre isso nosso vídeo de hoje no YouTube: https://youtu.be/6LC7VhIjlqQ

 

Textos:

 


 

 

 

 

 

 

 

 


Táta Nganga Kamuxinzela

Cova de Cipriano Feiticeiro

Consultas, iniciações, trabalhos e mentoria: WhatsApp: 24999320636.

Quimbanda Nàgô: www.quimbandanago.com/

Vida de Goécia: www.goeteia.com.br/

 

 

Siga:


NOTA:

[1] Energeia é um conceito central na filosofia de Aristóteles, frequentemente traduzido como atividade, atualização ou plenitude em ação. Deriva do grego ἐνέργεια (energeia), que combina en (dentro) e ergon (obra, trabalho), e pode ser entendido como o ser em operação ou o exercício de um potencial em ato. Ele contrasta com dynamis (potencialidade), que se refere à capacidade ou possibilidade de algo ser ou se tornar. Aristóteles distingue entre algo que existe em potência (dynamis) e aquilo que está plenamente realizado em ato (energeia). Por exemplo, uma semente tem o potencial de se tornar uma árvore (dynamis), mas quando essa potencialidade é concretizada, a árvore está em sua energeia. Para Aristóteles, a energeia é o estado em que algo alcança sua finalidade ou perfeição natural (telos). Um exemplo clássico é o ato de ver: a visão é a energeia do olho quando ele cumpre sua função. Na Ética a Nicômaco, Aristóteles afirma que a eudaimonia (felicidade ou bem-aventurança) é uma energeia da alma em conformidade com a virtude. Isso significa que a verdadeira felicidade consiste em viver de acordo com a excelência da própria natureza, realizando plenamente as capacidades humanas. E na Metafísica, Aristóteles associa energeia ao conceito do Primeiro Motor, que é a causa não movida de todo o movimento no universo. O Primeiro Motor é descrito como energeia pura, sem mistura de potencialidade, e atua como a realização plena e eterna do ser.

Para Jâmblico, energeia não se limita à realização de potencialidades humanas ou naturais, mas é entendida como uma atividade divina que se manifesta no cosmos. Ela é a maneira pela qual as realidades superiores (os deuses, arcontes, daimōnes) exercem sua influência sobre o mundo material e espiritual. É o processo pelo qual o teurgo se conecta com o divino. Os rituais, símbolos e invocações são vistos como meios de canalizar as energeiai das divindades, permitindo a elevação da alma e sua união com os níveis superiores do ser. Assim, Jâmblico vê a energeia como uma ponte entre os planos sensíveis e inteligíveis. Ela atua como o fluxo de poder que permite que as realidades superiores governem e animem o mundo inferior, ao mesmo tempo que facilita a ascensão teúrgica do praticante. Diferentemente de Aristóteles, que aplica a energeia principalmente a fenômenos naturais e humanos, Jâmblico atribui a energeia uma dimensão mística e transcendente. Ela não é apenas a realização de um potencial, mas uma manifestação direta do poder divino que governa e sustenta o Cosmos.




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